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JOSÉ DA SILVA CARVALHO

FALECEU EM 5 DE SETEMBRO DE 1856, HÁ 160 ANOS  -  Com a devida vénia do Prof. António Costa Neves - ver notícia fora do destaque abaixo  (...

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domingo, 20 de outubro de 2013

CAVACO SILVA AVALIA ORÇAMENTO DO ESTADO

Com a devida vénia do Jornal de Noticias publicamos:

Ver link IN "http://www.jn.pt/PaginaInicial/Politica/Interior.aspx?content_id=3487125"

"Cavaco avalia custos de fiscalização do Orçamento

O Presidente da República afirmou, este domingo, que tem tomado decisões sobre a fiscalização preventiva ou não da constitucionalidade dos orçamentos do Estado, com base numa avaliação cuidadosa dos custos, e que deverá fazer o mesmo este ano. "

"O que posso dizer é o princípio pelo qual eu normalmente me rejo nestas situações: faço uma avaliação cuidadosa, recolhendo o máximo de informação sobre os custos de um orçamento não entrar em vigor no dia 1 de janeiro e os custos que resultam de eventualmente uma certa norma ser considerada inconstitucional já depois de o orçamento estar em vigor", afirmou Cavaco Silva, durante uma conferência de imprensa conjunta com o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, no final da XXIII Cimeira Ibero-Americana, na Cidade do Panamá.
Escusando pronunciar-se sobre a proposta de Orçamento do Estado para 2014, com a justificação de que desconhece "em definitivo o texto das diferentes normas", o Presidente da República acrescentou que foi esse o princípio pelo qual se regeu no ano passado: "E aí não tive nenhuma dúvida de que os custos da não entrada em vigor do Orçamento do Estado no dia 1 eram muito, muito, muito maiores do que termos de esperar durante algum tempo para conhecer se esta ou aquela norma era ou não declarada inconstitucional por parte do Tribunal".
"É este o princípio que me tem guiado no passado, é provável que seja o mesmo princípio que me guiará no futuro", concluiu.
Questionado se considera que o Governo apresentou um Orçamento do Estado para 2014 justo, equitativo e equilibrado, o chefe de Estado respondeu: "Este é o tempo da Assembleia da República, o tempo de os deputados darem o seu contributo, eventualmente, para o aperfeiçoamento do orçamento. O tempo do Presidente chega mais tarde, segundo li na imprensa chegará só no final do mês novembro, e só nessa altura é que o Presidente se pode pronunciar".

domingo, 13 de outubro de 2013

JORGE SAMPAIO E O MOMENTO POLÍTICO

Com a devida vénia de SIC NOTÍCIAS e O PÚBLICO, Jorge Sampaio, ex-presidente da república, numa entrevista em que põe os pontos nos ii:

Ver o link IN

http://sicnoticias.sapo.pt/pais/2012/10/14/jorge-sampaio-em-entrevista-ao-portugal-2012



O antigo Presidente da República, Jorge Sampaio, repudiou neste sábado as críticas ao Tribunal Constitucional feitas pela directora do FMI e pelo presidente da Comissão Europeia, defendo que deve haver “um assomo patriótico” na defesa das instituições da democracia portuguesa.
“Repudio isso de uma forma frontal. Temos que ter um assomo patriótico das decisões que são tomadas, criticá-las, quando for caso disso, com certeza, ameaçá-las é outra coisa”, afirmou Jorge Sampaio em entrevista ao programa “A propósito”, da SIC-Notícias.
Na entrevista, Sampaio critica os cortes nas pensões de sobrevivência e, sobre o caso Machete, considera que deve ser resolvido pelo “tríptico” composto pelo próprio ministro, o Presidente da República e o primeiro-ministro.
Referindo-se às críticas ao Tribunal Constitucional, afirmou: “esta barragem já vai pelo doutor Durão Barroso, que nos manda ter juízo, vai pela senhora Lagarde, que não é capaz de dizer isso sobre o equivalente ao Tribunal Constitucional em França, e ninguém o diz na Alemanha”, afirmou.
“Eu senti um apelo patriótico, não por causa da decisão A ou da decisão B. É inadmissível que a gente não defenda a nossa democracia, as nossas instituições”, disse.
Contudo, o ex-Presidente não se referia somente às críticas internacionais, considerando que que “é uma coisa tristíssima” aquilo “que tem acontecido, quer exterior, quer interiormente, sobre o Tribunal Constitucional”. “A maneira como se fala do Tribunal Constitucional é uma coisa de uma gravidade extrema”, declarou.
Para Jorge Sampaio, o Tribunal Constitucional “tem dado provas, em largos anos, de uma jurisprudência que tem formatado a vida democrática e constitucional portuguesa” e é “uma peça essencial, sobretudo quando há cortes muito sérios em relação a princípios fundamentais, que têm que ser analisados pela instância que se criou para isso, princípios de justiça, da proporcionalidade”.
“As pessoas que dizem ‘reveja-se, faça-se’, não dizem onde. Porque são princípios fundamentais que estão em todas [as Constituições]”, afirmou.
“As pessoas só falam do jargão socializante da Constituição, isso não tem importância para o que estamos a discutir, os princípios fundamentais seriam sempre os de uma Constituição [democrática]”, argumentou.
Sobre os eventuais cortes nas pensões de sobrevivência, o antigo Presidente considerou que “há um contrato intergeracional que se está a quebrar” e isso é “gravíssimo para a coesão social portuguesa”. “Não podem ser sempre os mesmos e, sobretudo os mais frágeis, a quem as coisas acontecem todas”, afirmou.
Momento muito difícil
Contudo, o antigo Chefe de Estado afirmou que “este é um momento muito difícil para qualquer governação”, defendendo a necessidade de um “compromisso”, considerando, contudo, que soluções como um governo de salvação nacional estão “ultrapassadas”.
“Eu também digo aos meus amigos do Partido Socialista que têm à sua frente um momento muito difícil. Sabem tão bem como eu, ou melhor, ou têm a obrigação de saber, que têm uma situação quando ganharem as eleições, como tudo pode parecer indicar, têm às suas costas uma coisa extremamente difícil”, afirmou.
Sampaio diz não ter dúvidas que o PS é “olhado como alternativa”, mas tem “a convicção” que “as pessoas poderão pensar que não poderá governar sozinho”.
“Era preciso um novo sopro social e um novo sopro político e era preciso alguma modéstia para ele ser feito. A modéstia e o pragmatismo também têm que ter o seu lugar”, afirmou.
Sobre as declarações de Rui Machete sobre Angola, em que o ministro dos Negócios Estrangeiros pediu desculpas públicas a Angola por investigações em curso a empresários angolanos, Sampaio ressalvou ser seu amigo, e não quis revelar se achava que se devia demitir, embora tenha afirmado que “o que se passou foi negativo”.
“Permito-me publicamente achar que o senhor Presidente da República tem que fazer uma avaliação sobre o que é que isso quer dizer, ele que foi importante nas relações relações Portugal/Angola, o que é que isso quer dizer para futuro, o que é que isso quer dizer em relação ao Governo”, afirmou.
Sem explicar como, Sampaio disse que a resolução desta questão passa pelo ministro Rui Machete, pelo Presidente da República, Cavaco Silva, e pelo primeiro-ministro, Passos Coelho.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

E AGORA? ...

AO QUE PARECE O CAMINHO QUE ESTAMOS A TRILHAR NÃO É O MELHOR! SÃO OS PRÓPRIOS ALEMÃES A RECONHECER... O QUE É FEITO DOS REPRESENTANTES DA REPÚBLICA, MODERADORES, GUARDIÕES DO POVO E DAS INSTITUIÇÕES, OU OUTRO QUALQUER PALAVRÃO QUE SE QUEIRA CHAMAR?  DEPOIS DISTO TUDO, QUANDO O PAÍS CAIR NUM BURACO SEM RETORNO QUEM É O RESPONSÁVEL (RESPONSÁVEIS) E  QUE PUNIÇÃO (PUNIÇÕES) SÃO DISTRIBUIDAS E A QUEM ???...

Com a devida vénia Jornal I

 IN http://www.ionline.pt/artigos/dinheiro/se-eu-fosse-primeiro-ministro-portugal-aliava-me-espanha-italia
 ou
// 


"Wolfgang Münchau: "Se eu fosse primeiro-ministro de Portugal aliava-me a Espanha e Itália"
 
Por Isabel Tavares
publicado em 21 Set 2013 - 15:35
 
 
 
O analista, Wolfgang Münchau, diz que a Alemanha estáa fazer tudo mal. E lembra que Merkel é uma gestora e não uma mulher de ideias políticas
"Pai, posso ir à casa de banho?", pergunta um miúdo alemão. "Só depois das eleições", responde-lhe o pai. A anedota circula na internet e serve para Wolfgang Münchau, colunista do "Financial Times" e fundador da Eurointelligence, ilustrar a dependência dos alemães das eleições legislativas que se realizam amanhã. A verdade é que a expectativa não deixa apenas a Alemanha em suspenso, mas toda a Europa. Mesmo Münchau, que acredita que os outros países atribuem demasiada importância às decisões da Alemanha e dão a Merkel um protagonismo que esta não tem, admite que há medidas que devem esperar pelos resultados eleitorais. É o caso de Portugal, que deve agir imediatamente e decidir se fica ou sai do euro, uma questão prática e não de princípio, caso o governo queira ter algum poder negocial. Que tem.
Que europeu é Wolfgang Münchau?
Nunca pensei nisso... Para mim, ser europeu e ter uma nacionalidade não é conflituoso, nunca assumi o facto de ser europeu como um substituto de uma nacionalidade, como a perda de identidade enquanto cidadão de um país. Não é como os americanos e os Estados Unidos da América.
Como é, então?
Sempre vi a Europa como algo diferente dos Estados Unidos da América. Não cabe na definição de federação, de Estado-nação, de confederação ou, tão-pouco, de uma união no sentido clássico, de um clube de trocas ou de uma união de clientes. Tem a sua construção e estrutura própria e talvez seja o modelo do futuro, talvez tenha seguidores no século XXII, mas é um projecto bastante sui generis.
Há uma corrente que defende mais federalismo para a União Europeia...
O normal, na maioria dos países, é o Estado ter um peso de entre 30% e 60% na riqueza produzida - na Europa, um pouco mais; nos Estados Unidos da América, um pouco menos. A União Europeia nunca chegará lá. O tipo de Europa que eu imagino gastará muito menos do que isso, o que também mostra que a União Europeia não é nada como os Estados Unidos, é muitíssimo menor. Claro que, se olharmos para a zona euro, por exemplo, ela requer um certo grau de estruturas federativas no campo económico. Penso que qualquer coisa como 5% é mais do que suficiente para garantir o seu funcionamento, a sua estabilidade e a gestão de choques económicos que possam ocorrer de tempos a tempos - criando sistemas que nos permitem lidar com os problemas de dívida de uma forma muito mais eficaz do que aquilo que estamos a fazer neste momento. É por isso que defendo um pequeno centro de decisão, forte mas não alargado. Portanto, não sou um pró-europeu que acha que nos estão a transformar num Estado único, porque não acho.
A dívida é o nosso maior problema ou existem outras questões mais difíceis de resolver e que estão a dificultar o encontrar uma solução para este problema em concreto?
Penso que os problemas estão interligados. A crise da dívida é o problema imediato, a razão pela qual a economia não está a crescer e, como a economia não cresce, há demasiada gente desempregada. Se queremos resolver o problema do desemprego, temos de ir à sua raiz, a crise da dívida. Por isso, é para esta que tem de se encontrar uma solução. É a crise da dívida que está a impedir que a economia cresça a jusante da cadeia.
Começa a ser cada vez mais difícil a Portugal pagar a sua dívida. Um segundo resgate é a solução?
Mesmo um segundo resgate não iria ajudar. Um resgate não é mais do que um crédito, não reduz a dívida, a única coisa que faz é adiar o problema. Pode aliviar no curto prazo, mas não resolve nada numa perspectiva de longo prazo.
Porque é que Portugal não está a conseguir recuperar? O que falhou?
Todos os programas se basearam em hipóteses demasiado optimistas. No caso de Portugal, ninguém estimou previamente o impacte do Tribunal Constitucional, por exemplo. Mas o ponto principal nem é tanto a dificuldade em atingir um certo nível de austeridade, mas a dificuldade em regressar ao nível de crescimento necessário para a dívida ser sustentável.
O que é que pode ajudar Portugal?
Portugal precisa de uma redução da dívida, de um perdão parcial da dívida. A performance das exportações portuguesas é bastante impressionante, mas isso está longe de ser suficiente. Portugal precisa de um crescimento anual de 10%. A Irlanda saiu do programa de dívida nos anos 80, quando estava com um crescimento anual de 8% a 10%. [Nos anos 80, a Irlanda sofreu uma grave crise, tendo a sua dívida pública chegado aos 120% do produto interno bruto (PIB). Partidos e parceiros sociais entenderam-se em 1987, para darem a volta à situação. O êxito foi espectacular. Entre 1987 e 1990, as despesas correntes do Estado caíram 17%, descontando a inflação. O PIB subiu na década de 90, à média anual de 7%. Foi um dos raros casos de austeridade expansionista. Entre 1986 e 1995, a Irlanda investiu apenas 17% do PIB, contra 27% em Portugal. A estratégia irlandesa assentou na atracção de investimento directo estrangeiro virado para as exportações.] Com um crescimento anual de 8% a 10%, ao longo de um período de 10 a 15 anos, é possível pagar a dívida... Mas isto não vai acontecer a Portugal, não neste ambiente, estamos numa era diferente. Portugal conseguirá uns 2% - que é até mais do que o crescimento da Alemanha -, mas isso não é suficiente. E isto é num cenário optimista.
Se todos sabem isso, se todos estão de acordo quanto a isso, analistas económicos e responsáveis políticos, porquê insistir em algo que vai falhar?
Porque, centralmente, não há ninguém que tome a decisão. A Alemanha tem um calendário, o Banco Central Europeu tem de actuar dentro dos limites de uma moldura legal, a Comissão Europeia tem de fazer as coisas dentro de determinada moldura política... Tudo o que se faz na União Europeia, na zona euro, é uma negociação triangular entre os interesses políticos, as contingências legais e as necessidades económicas.
Mas como é possível chegar a acordo se todos os envolvidos têm interesses divergentes?
É aquilo que temos. O motivo pelo qual as coisas não estão a funcionar é porque não há ninguém em todo este processo que diga: vai resultar. Estão todos voltados para si: uns querem recuperar o seu dinheiro, o governo não quer falhar, os responsáveis não querem ficar mal na fotografia, mas nenhum dos intervenientes na negociação do acordo diz que esta é uma solução viável. Essa é uma pergunta que nunca foi feita, nunca ninguém - jornalistas, analistas, comentadores ou responsáveis pelo programa - fez essa pergunta, isso nunca esteve em causa nestas negociações. Havia necessidades muito concretas, era preciso fazer pagamentos, evitar a bancarrota, e os políticos queriam, muito provavelmente, sobreviver até ao mês seguinte. Ninguém parou para pensar.
O que pensa que deve ser feito?
A primeira coisa que a zona euro tem de fazer é reconhecer que uma parte da dívida tem de ser eliminada. E isso requer um perdão parcial e a reestruturação da dívida. Mas não pode acontecer enquanto os países credores - e não é apenas a Alemanha, a Alemanha nem é o mais radical, penso que o mais radical é a Finlândia - não o aceitarem. E isso ainda não aconteceu.
Disse que ninguém pensou na sustentabilidade do programa. António Vitorino, ex-comissário europeu, afirmou que os cidadãos europeus são ignorantes quanto às questões da Europa. Mas houve muita gente a questionar a viabilidade das medidas. Outros acreditaram que os envolvidos eram profissionais, economistas experientes, sabiam o que estavam a fazer. Isto não descredibiliza os responsáveis europeus e do FMI, que parecem não ter pensado no básico, e não afasta ainda mais os cidadãos destas matérias?
É uma boa questão, mas não me parece que as pessoas julguem essas matérias? Steve Jobs [co-fundador da Apple] disse uma vez que não compete ao consumidor saber o que quer. Eu concordo. Os cidadãos não têm de compreender a Europa, essa tarefa é de quem lida com essas questões todos os dias. As pessoas preocupam-se é com o seu bem-estar e com o facto de terem ou não emprego. Se vêem que um sistema falha sistematicamente em distribuir prosperidade pelas famílias, concluem que o sistema não funciona. Primeiro acham que é culpa do governo e, passados dez anos, que a culpa é da Europa e do euro. Ou seja, actualmente, as pessoas dizem: estou sem emprego, quero outro governo. Dentro em breve dirão: estou sem emprego, quero sair do euro.
Não podem só achar que quem decide, nos vários níveis, é incompetente?
Podem, mas com 20% de desemprego conclui-se que é o sistema que não está a resultar. Sem mudança, a economia vai ficar deprimida durante muito tempo. Duvido que algum país tenha estômago para uma depressão que dure dez ou 20 anos.
E quanto tempo devemos esperar para ver se o sistema tem solução?
Eu não esperaria, esperar não ajuda. Não se ganha nada esperando. O ajustamento pode até não vos resolver o problema da dívida, isso irá levar anos, não significa que vão ser felizes no dia seguinte. Mas, pelo menos, terão uma trajectória que é clara, saberão para onde vão, onde querem chegar e que medidas têm de adoptar para lá chegar. E, enquanto o fazem, poderão reduzir o desemprego. Agora, como estão é que não há esperança. Portanto, eu começaria este processo imediatamente, depois da eleições alemãs.
Por onde começaria?
Provavelmente, começaria por me reunir com outros governos - penso que é uma coisa que ainda não aconteceu. Se eu fosse primeiro-ministro de Portugal, provavelmente iria querer manter um diálogo muito estreito com os meus colegas espanhóis e italianos para ver como é que, juntos, poderíamos influenciar as decisões frente à troika, à zona euro, à Comissão Europeia e outros. Se mantiverem uma posição unida, ganham poder perante a Comissão Europeia e os restantes. Aliado a Espanha e Itália, a posição de Portugal seria mais forte face à troika do que, obviamente, se estiver separado e ainda por cima a criticar os italianos e a dizer que não é tão mau como a Espanha. Isso não ajuda Espanha e também não ajuda a Itália, logo, também não ajuda Portugal. Portanto, não é uma posição inteligente.
Portugal deve sair do euro?
Não defendo que Portugal deve abandonar o euro, o que defendo é que deve considerar muito bem essa hipótese. O governo português tem de decidir se o país deve falir dentro do euro ou fora do euro.
O que aconteceria se Portugal deixasse o euro?
Penso que o melhor cenário seria aquele em que já existe um plano alternativo. Caso contrário, significa que teríamos de alterar tratados e, basicamente, não abandonar agora, mas daqui a cinco anos. Não existe esse tempo.
E voltaríamos ao escudo. Como seria feita a paridade da moeda?
Seria um para um. Provavelmente chamar-lhe-iam o euro português, mas podem chamar-lhe o que quiserem. Claro que o valor da nova moeda iria por aí abaixo, mas até poderiam manter o euro para algumas coisas... Iriam precisar de uma estratégia para a dívida, mas depois teriam um banco central que poderia emitir tantos escudos quantos quisesse.
A Grécia vai sair do euro, deve sair do euro?
Se a Grécia sair da zona euro, que é o que acho que vai acabar por acontecer, a pressão será mais forte sobre Portugal. Sem um certo grau de mutualização de dívida, não vejo como é que Portugal pode alguma vez prosperar na zona euro. Infelizmente, a melhor opção para os gregos não está disponível. Devia ser um acordo para entrar em incumprimento, dentro da zona euro, de forma a reduzir a dívida para um nível realista - como 80% do PIB ou ainda menos. Se assim não for, é do melhor interesse para a Grécia abandonar o euro.
Há pouco falou na Irlanda, que voltou a colapsar em 2008. Também teve de adoptar medidas de austeridade duríssimas e o desemprego, que quase não existia, chegou aos 15%. A grande diferença em relação a Portugal é que o potencial irlandês de competitividade manteve-se. A sua economia cresce há dois anos e o país consegue emitir dívida a dez anos a uma taxa que ronda os 4%. As taxas de juro que Portugal está a pagar são justas?
As taxas de juro nunca são uma questão de justiça. Podem estar demasiado altas para o crescimento, mas?
Se estão demasiado altas para o que podemos pagar, acabaremos por entrar em incumprimento...
Exactamente, e esse é o problema da União Monetária, no qual ninguém pensou quando ela se fez. Não existem instrumentos de qualidade para resolver alguns problemas que vão surgindo. Penso que o programa das Transacções Monetárias Definitivas [TMD] é destinado apenas a países que não têm um programa de ajustamento, ou seja, também não é para Portugal. De toda a maneira, sou céptico em relação aos efeitos do programa depois de estar um ano em vigor. Na verdade, foi desenhado para Itália e para Espanha e não vejo mais nenhum país a querer aderir por razões políticas. Como programa-fantasma que é, penso que não vai sobreviver indefinidamente.
O euro vai acabar?
Não posso excluir essa possibilidade, mas não é o meu principal cenário. Claro que as pessoas não vão aguentar esta depressão se ela durar 20 anos, se ninguém resolver o problema. A dada altura as pessoas vão estar cansadas e vão concluir que, se isto não está bem, não pode continuar.
A União Europeia está condenada?
Condenada significa inevitável e não penso que isso seja uma inevitabilidade. Mas pode muito bem não acabar bem, isso é verdade. Há cenários que sugerem que as coisas não foram bem conseguidas, ninguém quer fazer diagnósticos, os interesses divergem, ninguém lidera, ninguém assume.
A chanceler Merkel é a cola que mantém a Europa unida ou aquilo que a divide?
Depende daquilo que queremos. Se queremos que a Alemanha seja líder, ela pode levar-nos numa direcção que não é aquela para onde queremos caminhar. Mas liderança não significa que nos dêem tudo o que queremos - até as eurobonds, que eu defendo. Eu discordo da sua política, mas acredito que ela é uma primeira-ministra competente e que é uma líder forte. Mas é sobretudo uma gestora, não é uma mulher de ideias políticas. Ela é muito mais pragmática do que se possa pensar, sobretudo no campo económico, até mais do que alguns colegas alemães. Merkel não lidera a opinião conservadora, é uma pessoa muito mais prática, e tem os seus limites.
O Banco Central Europeu diz que, neste momento, não vê risco em algum país da zona euro entrar em deflação. Concorda?
A deflação também não é o meu cenário principal, embora exista um risco não trivial de a economia poder entrar numa espiral deflacionista se estiver exposta a outro choque - por exemplo, um choque do género do provocado pelo Lehman Brothers.
Qual é o seu principal cenário?
Penso que a inflação ficará de forma persistente abaixo da meta para a inflação - que é um género de deflação, quando se define a estabilidade de preços em 2% [a fasquia oficial do BCE].
Acredita que a união bancária esteja a funcionar em 2014?
Algo com esse nome, sim, mas não uma união bancária a sério. Sem uma rede de segurança orçamental comum e um sistema comum de garantia de depósitos, não podemos falar em união bancária.
Na sua opinião, qual será o próximo país a capitular?
É muito difícil de prever. Pode até ser apenas uma questão emocional? No entanto, se o euro falhar, não será por causa da Grécia ou de Portugal, será por causa da Itália. A Itália será o problema que se segue.
Haverá dinheiro para ajudar a Itália e, talvez, outros países?
A Alemanha não poderia fazê-lo, mas a Europa pode. De qualquer forma, o resgate de Itália seria muito mais complicado, desde logo por uma questão de escala e, depois, pelo muito provável efeito de contágio. E também não devem subestimar o potencial de um fracasso de Portugal. Se Portugal sair da zona euro, isso levantará imediatamente questões graves em Itália e Espanha.
Na tal lógica de aliança, o que pensa que aconteceria se os três países, Portugal, Espanha e Itália, anunciassem a saída do euro?
Seria uma posição muito forte, acho que os restantes países iriam tentar impedir-vos. Os governos do sul da Europa subestimam o seu poder negocial. Provavelmente, os restantes países quereriam proteger os seus investimentos nesta zona e iriam ficar zangados. Isso, possivelmente, iria provocar uma mudança nas negociações. Mas os três teriam de saber exactamente o que querem. O governo português teria de decidir se o país deve falir dentro da zona euro ou fora da zona euro. Não poderiam fazer bluff, teriam de ser sérios e estar determinados nas suas convicções. Mas, volto a dizer, não sou a favor de que saiam do euro, o que digo é que, ao excluírem essa hipótese apenas por uma questão de princípio, estão a enfraquecer a vossa posição, estão a mostrar o jogo todo.
A Alemanha está a tomar as decisões certas?
Não, a Alemanha está a fazer tudo mal. O problema é que a Alemanha é uma grande economia aberta que se comporta como uma pequena economia. É uma economia feita para ter excedentes. E a própria zona euro, que é muito maior, comporta-se como a Alemanha e não devia. Agora todos têm excedentes. Essa estratégia terá um impacte no resto do mundo e não acredito que esta seja uma forma sustentada de resolver a situação, dependendo de os Estados Unidos aceitarem ter grandes défices. Ao transformar-se numa Alemanha, a zona euro é um factor seriamente desestabilizador para todo o mundo. E devia gerar receita não por ser barata, o que não significa que não possa reduzir salários num período de austeridade.
O resultado das eleições gerais na Alemanha pode mudar alguma coisa de essencial na forma como a União Europeia está a ser conduzida?
Penso que sim. Se a coligação actual (CDU/FDP) ganhar, o SPD será anti-governo na questão dos resgates aos países do euro. Como o governo não tem maioria na câmara alta do parlamento, a margem de manobra política é reduzida. Se as eleições resultarem numa grande coligação, não vejo mudanças para melhor ou pior - excepto o facto de as políticas se tornarem um pouco mais previsíveis."

 

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

PAPA FRANCISCO - FRASES MARCANTES



Ver link:
IN " http://www.aleteia.org/pt/religiao/noticias/12-frases-marcantes-do-papa-na-entrevista-a-scalfari-5149195488985088 "


"12 frases marcantes do Papa na entrevista a Scalfari

“Os chefes da Igreja muitas vezes foram narcísicos e excitados pelos seus cortesãos. A corte é a lepra do papado

ALESSIA GIULIANI/CPP
 Leia a seguir 12 passagens marcantes da entrevista que o Papa Francisco concedeu ao jornalista Eugenio Scalfari, do jornal La Repubblica.

* * *

“O mundo é feito de estradas que nos aproximam e distanciam, mas o importante é que nos levem para o Bem.”

“Cada um de nós tem uma ideia do Bem e do Mal e deve fazer a escolha de seguir o Bem e combater o Mal como o concebe. Isto bastaria para melhorar o mundo.”

“Os chefes da Igreja muitas vezes foram narcísicos e excitados pelos seus cortesãos. A corte é a lepra do papado.”

“A Igreja é e deve voltar a ser uma comunidade do povo de Deus, e os presbíteros, os párocos, os bispos estão a serviço do povo de Deus.”

“Quando encontro um clerical, me torno anticlerical de vez. O clericalismo não deveria ter nada a ver com o cristianismo.”

“Os jesuítas foram e ainda são o fermento – não os únicos mas, talvez, os mais eficazes – da catolicidade; cultura, ensino, testemunho missionário, fidelidade ao Pontífice.”

“A um certo ponto, uma grande luz me invadiu. Durou um instante, mas me pareceu algo longuíssimo. Depois a luz se dissipou. Levantei-me e me dirigi até a sala em que me esperavam os cardeais e a mesa sobre a qual estava o ato de aceitação. Assinei-o, o cardeal camerlengo o assinou, e depois foi o momento do ‘Habemus Papam’.”

“A graça faz parte da consciência, é a quantidade de luz que temos na alma, não de sabedoria nem de razão.”

[Falando sobre São Francisco de Assis] "Passaram 800 anos desde então e os tempos mudaram muito, mas o ideal de uma Igreja missionária e pobre permanece mais do que válida. Esta é a Igreja que foi pregada por Jesus e pelos seus discípulos.”

“Sempre fomos minoria mas o tema, hoje, não é este. Pessoalmente penso que ser uma minoria pode ser uma força. Devemos ser uma semanete de vida e de amor e a semente é uma quantidade infinitamente menor da massa dos frutos, das flores e das árvores que nascem da semente.”

“Os padres conciliares sabiam que abrir-se à cultura moderna significava ecumenismo religioso e diálogo com os não-crentes. Desde então foi feito muito pouco nesta direção. Tenho a humildade e a ambição de querer fazê-lo.”

“Certamente não sou Francisco de Assis, e não tenho a sua força e a sua santidade. Mas sou o Bispo de Roma e o Papa da catolicidade. Como primeira coisa, decidi nomear um grupo de oito cardeais para que sejam o meu conselho. Não cortesãos, mas pessoas sábias e animadas pelos mesmos sentimentos.”

ANTÓNIO LOPO XAVIER - OPINIÃO

Assim vai a política no retângulo à beira mar plantada:

Com a devida vénia do Blog GOTA DE ÁGUA

"António Lobo Xavier - reconhece que o PM e Portas são responsáveis pelo descalabro
Se não tivesse cometido os erros que comete, sem a crise Portas, o governo teria mais autoridade moral, mas o problema português não se resume aos actores concretos e à maneira de actuar do governo, nem a situação seria substancialmente diferente. 
A brutalidade dos factos é que estamos à beira de uma situação de abismo.  Mas já se sabia há imenso tempo que a necessidade de ir aos mercados naquela data não interessava para nada, porque já nos tínhamos financiado antes. 
Concorda que a crise política motivada pelos partidos (do governo) e com actores concretos é o maior responsável pela dificuldade nos juros e pela insatisfação e intranquilidade nos mercados; considera que a crise política criada pelo governo é o maior ataque à credibilidade do país e à capacidade de financiamento; reconhece que estávamos mais perto de regressar aos mercados há 6 meses."
 
 
 
 
 
 
 
 

PAPA FRANCISCO - A DIGNIDADE DO SEU PENSAMENTO

1


A Igreja e os sistemas econômicos: Capitalismo e Socialismo

Coloca-se um dilema — inexistente — entre socialismo e capitalismo, como se tivéssemos que escolher entre esses dois

02.09.2013
IMPRIMIR
Márcio Carvalho
abouna.org

Do Compêndio da Doutrina Social da Igreja transcrevemos alguns trechos que tratam da economia. A seguir, comentaremos sobre os dois sistemas econômicos mais conhecidos e a avaliação moral sobre eles.
 
103. A análise articulada e aprofundada das «res novæ» [coisas novas, os novos tempos a que se referia Leão XIII na Rerum novarum], e especialmente a grande guinada de 1989, com a derrocada do sistema soviético, contém um apreço pela democracia e pela economia livre, no quadro de uma indispensável solidariedade.
 
312. A globalização da economia, com a liberalização dos mercados, o acentuar-se da concorrência, o aumento de empresas especializadas no fornecimento de produtos e serviços, requer maior flexibilidade no mercado do trabalho e na organização e na gestão dos processos produtivos. No juízo sobre esta delicada matéria, parece oportuno reservar uma maior atenção moral, cultural e no âmbito dos projetos, ao orientar o agir social e político sobre as temáticas ligadas à identidade e aos conteúdos do novo trabalho, num mercado e numa economia que também são novos. As modificações do mercado do trabalho, não raro, são um efeito da modificação do trabalho mesmo e não a sua causa.
 
335. Na perspectiva do desenvolvimento integral e solidário, pode-se dar uma justa apreciação à avaliação moral que a doutrina social oferece sobre a economia de mercado ou, simplesmente, economia livre: «Se por “capitalismo” se indica um sistema econômico que reconhece o papel fundamental e positivo da empresa, do mercado, da propriedade privada e da consequente responsabilidade pelos meios de produção, da livre criatividade humana no sector da economia, a resposta é certamente positiva, embora talvez fosse mais apropriado falar de “economia de empresa”, ou de “economia de mercado”, ou simplesmente de “economia livre”. Mas se por “capitalismo” se entende um sistema onde a liberdade no setor da economia não está enquadrada num sólido contexto jurídico que a coloque ao serviço da liberdade humana integral e a considere como uma particular dimensão desta liberdade, cujo centro seja ético ereligioso, então a resposta é sem dúvida negativa»[Centesimus annus, 42]. Assim se define a perspectiva cristã acerca das condições sociais e políticas da atividade econômica: não só as suas regras, mas a sua qualidade moral e o seu significado.
 
336. A doutrina social da Igreja considera a liberdade da pessoa em campo econômico um valor fundamental e um direito inalienável a ser promovido e tutelado [...]
 
Pio XI declarou que “Ninguém pode ser, ao mesmo tempo, bom católico e verdadeiro socialista” (Pio XI, Encíclica Quadragesimo Anno).
 
Então a Igreja aprova o contrário, o capitalismo? Não, há restrições a fazer, e não é uma escolha excelente. A Igreja faz sempre críticas também ao capitalismo. 
 
Coloca-se um dilema — inexistente — entre socialismo e capitalismo, como se tivéssemos que escolher entre esses dois, considerando um bom e o outro ruim. A verdade é que o capitalismo é ruim, mas o socialismo é pior.
 
O principal ponto negativo do Capitalismo, condenado pela Igreja, é a separação entre Economia e Moral, que foi uma consequência da separação entre Igreja e Estado.
 
Um segundo ponto negativo do Capitalismo — também condenado — foi a livre concorrência absoluta na Economia. A livre concorrência absoluta favorece, por exemplo, o produto que dá mais lucro, geralmente o de pior qualidade, entre outras consequências. 
 
Logo, temos pelo menos dois pontos negativos do capitalismo: 1) a separação entre Economia e Moral e 2) a Livre Concorrência Absoluta. 
 
Se o Capitalismo tem esses dois pontos negativos, ele manteve, entretanto, dois pontos positivos: 
 
1) continuou a admitir o direito de propriedade particular, que é um direito natural, direito que a Igreja sempre defendeu; 
 
2) o capitalismo permite a livre iniciativa. Cada um pode trabalhar do modo que melhor lhe aprazer.
 
O Socialismo, ao contrário: 
 
1) combate o direito de propriedade particular; por isso é um sistema anti-natural, essencialmente mau; 
 
2) combate a livre iniciativa, pois o Estado é o controlador da economia, e o trabalhador é apenas uma peça do sistema econômico.
 
Não se trata de escolher entre Capitalismo e Socialismo ou entre Liberalismo e Comunismo. Entre dois males, se não houver outra via, deve-se escolher o mal menor, o mal que permite ainda a existência de uma certa ordem e de um certo bem.
 
Assim, entre Socialismo e Capitalismo, é preferível o Capitalismo, pois permite a propriedade particular e a liberdade econômica.
 
Frisando: no capitalismo, está de acordo com a Igreja o reconhecimento do direito natural a ter propriedade particular, assim como o direito de livre iniciativa, contra o coletivismo e o dirigismo socialista. Entretanto, a Igreja condena, e sempre condenou, no capitalismo, a separação entre economia e moral, típico princípio liberal, como condena também a livre concorrência absoluta e sem freio, que, de fato, acaba com a própria concorrência.
 
Portanto, a Igreja não apoia o capitalismo sem nenhuma restrição, mas também não o condena em absoluto, como fez com o socialismo.
 

terça-feira, 1 de outubro de 2013

MARCELO REBELO DE SOUSA - OPINIÃO

Com a devida vénia da TVI:



«Lixem-se as eleições, ao menos salve-se o país»


O comentário de Marcelo Rebelo de Sousa no Jornal das 8 da TVI

 
 
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